domingo, 21 de abril de 2013

MAIO



"Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light."
[Dylan Thomas]


frio de maio invade todos os cantos
a dispensar crueldades pintadas
sonhos de Miró, projetos inacabados de Dalí
repetição inútil para viagens esquecidas
'do pó vieste, ao pó voltarás'.

inquietação no cruzar de pernas
aquecimento impossível quando se é miserável
forçando rumo àquele sítio em dezembro
musicado em conjunto, melodia destilada 
vida açucarada sempre no mesmo domínio
convite de sorrisos em naturezas cinzas.

casa de móveis tristes tudo é solidão
palavra estranha a rimar com saudade
bater de portas nomes invocados
leito vazio clama bagunça proibida às cobertas.

tudo está devidamente reto, tudo está devidamente imóvel
tudo está devidamente seco, tudo está devidamente morto

Assim como eu e tu.

Um comentário:

  1. tão refinado e aqui solto na blogsfera, como se fosse um livro escondido que encontrei por acaso. Parabéns pelos poemas!!

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