“Iste ego sum: sensi, nec me
mea fallit imago.” [Ovídio]
Sempre teve olhos tristes
nunca soube, num gesto,
romper melancolias e estancar
dores que permanecem.
Pensou camuflar a tristeza
tingindo de azul sorrisos
apegando-se aos detalhes
belos e fugidios:
Carros que passam
corpos que caem ou
vozes simpáticas que saúdam
novos tempos, encontros...
Escreveu cartas, decorou
versos
traduziu sentimentos alheios
a fim de ganhar voz e vida.
Fez-se outro, logo cria
emudecendo desejos ruins ou
vontades de sono e medo.
No espelho permaneceu, tão
somente,
aquele olhar e dor que lhes
são insoluvelmente próprios.
Outono, 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário